Título
original: Misery
Autor:
Stephen King
Páginas: 345
Nota: 5/5
Sinopse: Paul Sheldon, um famoso escritor, tem sua vida
transformada em um pesadelo sem fim, quando em uma terrível nevasca perde a
direção do carro e sofre um acidente horrível, quebrando uma perna, deslocando
a bacia e esmagando o joelho. Mas o pior ainda estava por vir. Pois ele é
ajudado por sua fã nº 1, que colocará em cárcere o pobre escritor, até que ele
escreva um final feliz para Misery Chastain, sua personagem preferida.
Paul
Sheldon é um escritor de meia idade que fez grande sucesso – principalmente entre
o público feminino – com a série de livros “Misery”, que conta a história de
uma corajosa mulher que roda o mundo resolvendo crimes entre o amor de dois
homens. Mas, ele se cansou há muito de
escrever livros sem profundidade baseados em uma personagem típica e algumas
cenas quentes. Por isso, escreveu o último livro da série e matou Misery
Chastain. Isso para escrever seu novo livro, “Carros Velozes”: algo
completamente novo, que com certeza seria bem recebido pela crítica que tanto o
odeia.
A caminho
de sua cidade com o novo livro completo, porém, Paul sofre um acidente que
quebra sua perna e também prejudica a bacia e o joelho, deixando-o imobilizado.
Por sorte, ele é resgatado no meio da estrada por sua fã número um, Annie
Wilkes, uma ex-enfermeira. Ela o leva para sua casa e Paul recebe certos
cuidados, mas logo Annie se mostra muito maluca e possessiva. Como, sendo sua
fã número um, ela poderia deixar que Paul desse fim em Misery?
É uma
unanimidade que este é um dos melhores livros de Stephen King, certamente
escrito em sua Era Dourada, onde ele ainda era aclamado por todos. E não é para
menos: King coloca num cenário simples dois personagens extremamente complexos,
um conjunto aparentemente complicado de conceitos médicos e uma dose de loucura
sanguinária.
Narrado
sempre do ponto de vista de Paul, é evidente desde o início a pessoa repulsiva
que é Annie e como Paul a despreza desde o começo. Ela o mantém preso num
quarto, controlando sua bebida e água e o viciando em remédios para dor. Porém,
quando ela descobre que Misery morreu no último livro de sua série preferida, a
tortura se torna mais intensa e sanguinária; algumas cenas – principalmente
chegando no clímax – são realmente de dar dor no coração. Porém, também
acompanhamos as torturas psicológicas pelas quais os dois passam.
Annie é
esquizofrênica e a obsessão que tem por Paul também lhe causa mal,
principalmente por saber do desprezo que ele tem por ela; suas mudanças de
humor são constantes e os métodos de dominação que aplica em Paul por vezes vêm
de longa reflexão para “fazer o melhor”; Annie é muito religiosa e demonstra
uma devoção enlouquecedora pela mãe.
Por
outro lado, acompanhamos o sofrimento de Paul, que sempre foi acostumado a
mordomias e pensava que um bloqueio criativo era o pior que podia lhe
acontecer. Ao longo das semanas e meses, vemos o escritor passar da raiva ao
medo, então ao desespero e à quase loucura decorrente de sua solidão. Paul
também passa por torturas físicas que alimentam ainda mais o pavor por Annie e
retarda sua tentativa de fuga. E, assim como em “Duma Key”, Stephen King nos
leva ao processo de criação de um artista e as turbulências que isso envolve,
quando Paul descobre melhor sua capacidade como escritor.
É um
daqueles livros onde a verossimilhança é perturbadora, já que nada impede que
alguém como Annie Wilkes apareça na vida de qualquer um de nós, e no livro não
há qualquer elemento fantástico digno de dúvida. As cenas de tortura são
apavorantes e as descrições da enfermeira, assim como os diálogos entre os
personagens, nos leva a uma viagem sobre os degraus da loucura.
Um livro
realmente angustiante.
"Paul começou a rir ainda mais alto. Naquela casa vazia, o Lugar Risonho de Paul lembrava mais a cela de um hospício."
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