domingo, 16 de fevereiro de 2014

Aborto: um breve adendo

Para lembrar do que já falei sobre o assunto, clique aqui.





  
   Sei que já falei sobre isso e sei que foi chato. E não, eu não quero dar uma de polêmica.
   O caso é que eu fui numa exposição sobre o corpo humano essa semana. Muito bacana, corpos de verdade, o pessoal explicando cada parte (na base do decoreba, mas tudo bem). E, claro, havia uma parte sobre sistema reprodutor. E, claro, havia fetos! – uma gracinha, tinha todas as partes do desenvolvimento do embrião. E, sim havia o grupinho das garotas super religiosas que ficaram indignadas com o fato. “Professora, como alguém pode matar isso?”
   Numa vitrine, ficavam as amostras das primeiras semanas. Quando vimos o desenvolvimento na sexta semana (um feijãozinho branco dentro do vidro), eu disse pra minha amiga: “Olha, é isso que nós defendemos. Um aborto de seis semanas; o feto é quase um nada”. Numa etiqueta embaixo do vidro estava escrito “Seis semanas: o coração começa a bater”. Minha amiga respondeu: “É, mas o coração já bate”.
   E eu pensei: então nós, humanos, que buscamos sentido em TUDO, vamos começar a definir a vida como um coração batendo? Então isso é a vida, o coração começa a bater e vivemos, e quando ele para a gente morre?
   E, sim, caro colega metido a cientista. Eu sei que é verdade. E, como ateia, acredito piamente no sentido quase completamente biológico da vida. Mas, nós sabemos que quando o assunto é aborto, a questão não é essa.
   Pra mim, vida é isso aqui. Viver não é só ter um coração batendo. É um cérebro funcionando, é um ser com relações humanas, que conhece o que está ao seu redor, um ser humano que consegue dizer “sim, eu estou vivendo”.
   E não, um feto de seis semanas não está vivo. Um feto de seis semanas tem um coração batendo. Só. Ele não sabe que tem uma mãe; ele não sabe que tem um mundo além dessa mãe; ele não sabe que precisa de objetivos para poder viver.
   
 Só aproveitando que as garotas em questão eram religiosas: a maioria das religiões “proíbe” o uso de camisinhas, o uso de contraceptivos e o caralho a quatro, e quer proibir o aborto também. Eles já não têm muitos fiéis?
    Outro fato vergonhoso: todos os dias, vemos notícias de pessoas matando pessoas e eu raramente vejo alguém dizendo “Nossa, mas quem faz isso?”. É isso o que deve nos preocupar, camaradas.
    E mais uma vez. Mais uma dolorosa vez. Quando eu falo de aborto, eu quero falar principalmente sobre liberdade – de uma mulher, de um país – e sobre um ser que evoluiu por causa de sua racionalidade – sete bilhões de pessoas já não é o suficiente? Eu nunca vou falar sobre matar bebês. Até porque ninguém faz isso em clínicas de aborto nos EUA ou outro país que tenha a prática legalizada. Eu quero falar sobre vida, e não sobre morte. Pense nisso.

   Encerro. 



2 comentários:

  1. Ótimo texto miga,para variar,hehe. Compartilho da mesma opinião que a sua :)

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  2. Esse é de fato um assunto polêmico para todos, em qualquer lugar. Matar alguém, mesmo que ainda muito pequenininho , um ser que ainda não tem sequer nenhuma noção de nada ao redor é complicado, mas como você apontou também é complicado quando vemos na tv que uma pessoa acabou de matar a outra. Será que precisava ter chegado àquele ponto? A mulher deve ter sim a liberdade de ter um filho, mas acho muito complicado o aborto em si e dependente de uma gama de variáveis. Mas apreciei ler um pouco sobre opinião diferente da minha.
    Já leu 1984? É uma distopia que acho que você já leu, e eu esqueci de colocar na lista
    Um abraço!
    www.interruptedreamer.com

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