segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Resenha: Feche bem os olhos


Título original: Shut Your Eyes Tight
Autor: John Verdon
Páginas: 424
Nota: 5/5
Sinopse: David Gurney sempre foi viciado em resolver enigmas. Mesmo dois anos depois de ter trocado a carreira policial pela pacata vida no campo, sua mente investigativa não consegue resistir a uma boa charada. Foi assim com o caso do Assassino dos Números, um ano antes. Agora, a história se repete quando ele é convidado para trabalhar como consultor e ajudar a polícia a desvendar um instigante homicídio. Jillian Perry, uma jovem de 19 anos, foi morta de maneira brutal no dia do próprio casamento. Todas as pistas apontam para um misterioso jardineiro, só que nada mais na história se encaixa: o motivo, o lugar onde a arma do crime foi deixada e, principalmente, o modus operandi. A princípio, David reluta em aceitar o convite, preocupado em preservar seu casamento, já que sua esposa, Madeleine, é totalmente avessa ao seu envolvimento em qualquer assunto policial. Porém, recusar-se a participar da investigação seria ir contra sua essência e David acaba se convencendo de que não conseguirá dormir em paz enquanto o criminoso estiver à solta. Quando começa a entrevistar parentes e conhecidos de Jillian e a avançar no caso, fica claro que o assassino é não só mais inteligente e implacável do que ele esperava, como também destemido o suficiente para atacar seu ponto fraco. David terá que pensar além das evidências para desvendar o quebra-cabeça mais sinistro com que já se deparou.


   David Gurney é um detetive aposentado, mas que não deixou de lado a sua paixão por desvendar quebra-cabeças. Quando Jack Hardwick liga dizendo que precisa de sua ajuda num caso é quase impossível resistir. Mas, nesse quebra-cabeça, vai ser difícil reunir (e quem dirá montar) todas as peças: Jillian Perry foi assassinada no dia do seu casamento, apenas algumas horas depois do “sim”; sua cabeça foi separada do corpo e deixada em cima da mesa no chalé de Hector Flores, jardineiro do marido de Jillian e principal suspeito. Os cachorros da polícia seguem uma trilha de rastros, mas ela vai só até o meio da floresta. No vídeo do casamento, Flores não aparece quando era certo que apareceria. Para complicar um pouco mais, quando Gurney entrevista a mãe de Jillian, Val Perry, descobre que a moça era uma pervertida sexual, uma psicopata “internada” na Mapleshade, uma escola para garotas... especiais. E, Scott Ashton, o viúvo da vez, não só era o diretor da escola, como também um renomado psiquiatra.
    Por que Ashton teria se casado com Jillian? Por que Flores não aparece no vídeo do casamento? Por que nenhum dos vizinhos de Ashton jamais vira o jardineiro? Por que todas as perguntas parecem sem resposta?
   O que eu mais gostei em “Feche bem os olhos” foi que a história é palpável, de certa forma. Não é nenhum drama policial ridiculamente impossível. Claro que a trama toda feita pelo assassino é muito inteligente, só um psicopata para bolar algo assim mesmo.  Mas a situação é real, principalmente Gurney. Ele é um homem real. É alguém com quem poderíamos trombar na rua e sair andando sem perceber. Ele é inteligente, é um detetive incrível, mas não é perfeito, não sabe de tudo, não tem uma varinha mágica escondida na manga. Ele comete erros e sabe disso!
   Apesar da trama incrível, uma coisa me incomodou. Eu previ muitas peças e encaixes do quebra-cabeças. Não sei se fui eu ou o livro. Mas isso é muito chato, porque, ao ler uma trama policial, o mais divertido é perceber que tudo o que você imaginou estar ali num segundo desaparece. Aqueles momentos logo antes de uma revelação de extrema importância: você está completamente certo do que vai acontecer, mas não é o que acontece. Bem, senti falta desses momentos em algumas partes do livro, mas nada que prejudique em grande escala a leitura, até por que não sei se todos vão terão/tiveram essa mesma reação.
   Em alguns momentos, a narrativa fica um tanto lenta, mas esse ritmo é importante para nos passar detalhes quase insignificantes que, contudo, têm um grande impacto no final da trama. Além disso, Verdon conduz a obra toda muito bem, então isso a torna até mesmo mais agradável, menos rápida, eu acho; permite ao leitor que faça os mesmos questionamentos que o protagonista, que se envolva no caso da mesma maneira que Gurney se envolve.
   Enfim, “Feche bem os olhos” é uma verdadeira obra prima, praticamente indispensável para qualquer amante do gênero. Verdon não criou um novo Sherlock Holmes. Criou alguém novo, que pode ser tão bom quanto o gênio de Sir Arthur. David Gurney é, talvez, o melhor detetive literário da atualidade. E John Verdon é, quiçá, um novo gênio dos dramas policiais, que trará grandes fãs pelo mundo, espero.

Quotes –
“Então, em primeiro lugar sempre vem a confiança. Coloque a confiança em primeiro lugar e você terá uma boa chance de obter a verdade. Coloque a verdade em primeiro lugar e você terá uma boa chance de levar uma bala na nuca.” – página 23
“[...] será que realmente existe alguma casualidade? Será que nós, de algum modo inegável, não colocamos a nós mesmo nas situações em que nos encontramos? Será que nossas escolhas, nossas prioridades, então, fazem toda a diferença?” – página 206
“- O mundo é cheio de coincidências sem sentido, Jack” – página 331
“Ficou pasmo ao pensar que alguém que enxergava tudo com tanta clareza, que tinha toda a luz do Universo nos olhos, visse nele algo digno daquele sorriso” – página 424

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