terça-feira, 16 de outubro de 2012

A invenção do Guinness Book

A realização de grandes feitos é uma preocupação humana desde tempos muito remotos. Na Grécia Antiga, por exemplo, mais especificamente na cidade de Olímpia, organizava-se em intervalos periódicos um festival destinado à celebração de deuses, onde eram realizadas uma série de competições atléticas entre os representantes dos povos gregos. Sabe-se que esses festivais, chamados hoje de Jogos Olímpicos da Antiguidade – arquétipo dos Jogos Olímpicos modernos – cumpriam uma importante função estratégica nas disputas territoriais e comerciais entre aquelas cidades-estado, uma vez que selavam uma trégua temporária das batalhas, fundamental para recomposição dos exércitos. Porém, os Jogos não eram considerados menos importantes pelos governantes, uma vez que o desempenho individual de um atleta era fundamental para demonstrar o poderio marcial de toda a sua pólis. Assim, contar com o homem mais rápido, mais forte ou mais resistente era não apenas motivo de orgulho, como também uma forma de tornar pública a supremacia em habilidades tipicamente militares. Mas você imagina quando os feitos individuais começaram a ser registrados e catalogados?
   No ano de 1951, Hugh Beaver, então diretor industrial da cervejaria irlandesa Guinness, realizava uma caçada com amigos em County Wexford na Irlanda, quando, desanimado com a caça, o grupo iniciou um debate sobre qual seria o animal mais veloz do planeta. Como cada um tinha um palpite diferente, não chegaram a qualquer conclusão. Foi a partir dessa discussão aparentemente banal que Hugh teve a ideia de criar um catálogo que reunisse todos os feitos e características superlativos e individuais – humanos ou não – a fim de esclarecer dúvidas como aquela.
   Após algum tempo de pesquisa e levantamento dos dados que pudessem compor a enciclopédia de grandezas, foi lançada, em 1955, a primeira edição do Guiness World Records. A estratégia de vincular a obra à cervejaria tinha a intenção de promover a marca, tanto que a tiragem inicial não foi posta à venda em livrarias, mas em vez disso distribuída em pubs e bares britânicos que comercializavam a bebida.
   Com o sucesso, o Guinness Book passou a ser publicado anualmente – agora ligado à cervejaria apenas pelo nome – com inclusões e revisões de recordes repercutidos em mídias de todo o mundo, o que exigiu um aumento do rigor na avaliação dos registros, conferindo caráter técnico às marcas estabelecidas. Porém, apesar de o catálogo conter registros tradicionais, como a pessoa mais alta do mundo (o americano Robert Wadlow, com 2,72 metros), a pessoa mais baixa (o nepalês Chandra Dangi, com 0,54 metros), a árvore mais alta (o eucalipto australiano, podendo chegar a 150 metros de altura) ou – aquela que motivou o surgimento da obra – o animal mais rápido do mundo (o falcão peregrino, que pode atingir 350 km/h durante o voo), isso não impediu o registro de recordes curiosos ou mesmo bizarros, por exemplo, o arroto mais alto (do britânico Paul Hunn, com 118 decibéis), a maior quantidade de agulhas espetadas na cabeça (do chinês Wei Shengchu, 2009 no total), ou o menor tempo para se fechar numa mala com zíper (a canadense Leslie Tipton levou 5,43 segundos), entre outros.
   Embora seja um compêndio de informações quase fúteis, o livro dos recordes continua sendo reeditado com sucesso em todo mundo. E talvez nenhuma realização seja motivo de tanto orgulho quanto aquela que diz respeito ao livro mais publicado no mundo depois da bíblia e alcorão: o próprio Guinness Book.
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